É preciso mesmo saber Inglês para trabalhar com informática?
Responder que sim é fácil demais. Porém, a realidade é bem mais interessante e complicada.
Sim, saber Inglês é muito útil na informática. Sem dúvida alguma, saber Inglês facilita o trabalho e valoriza o profissional. E dependendo da empresa e cargo, será uma exigência de emprego logo de cara.
Mas é importante entendermos que “saber Inglês” (ou conhecer qualquer idioma) não é uma coisa binária. A questão não se satisfaz com um simples sim ou não. Quanto Inglês você precisa saber, em quais áreas, e quais habilidades específicas vão lhe ajudar mais depende muito de sua situação, das exigências de seu trabalho, e de seus objetivos para o futuro.
Então, este post é dedicado a você que ainda não domina Inglês, e está começando ou considerando uma carreira na informática ou em alguma outra área digital. Eu quero lhe ajudar a entender melhor como o Inglês se encaixa na informática e TI, para que você possa formar uma estratégia e priorizar seu aprendizado.
Como tudo que vale a pena, dominar o Inglês na informática requer bastante esforço. Mas com essa informação você poderá priorizar seus estudos, focar suas energias, e turbinar sua carreira.
O Inglês está Entrelaçado com a Tecnologia da Informação
É um fato inegável que a informática e o Inglês estão entrelaçados.
Se quiser, podemos fazer um experimento simples. Vamos fazer uma rápida lista de palavras vindas do Inglês na área da tecnologia que o brasileiro encontra no dia a dia. Tire só um minutinho para compor sua lista de tais palavras que você já conhece.
Vamos comparar. Que tal: web, site, browser, login, online, offline, display, print, email, network, link, input, output, design, desktop, notebook, laptop, smart, facebook, software, hardware, mouse, chat, download, pen drive, upgrade, e post? E isso é só para início de conversa! Aposto que você pensou em muitas outras palavras. Essas todas vêm do Inglês e já estão integradas na vida brasileira.
Pois é. Quer queiramos, quer não, o Inglês se tornou o idioma universal da tecnologia. E, se isso já acontecia antes, então com a aparição da Internet, esse fenômeno explodiu.
O Uso do Inglês Mundialmente Explodiu com a Internet
Começando com a invenção da World Wide Web em 1989, o mundo começou a se conectar como nunca antes. Agora que pessoas dos mais variados e distantes lugares do mundo podiam se comunicar rapidamente, as diferenças de idiomas entre elas se tornaram um desafio. Imagine só a cena: “eu consigo receber suas mensagens em qualquer lugar num piscar de olhos, mas não tenho a mínima ideia do que você está dizendo”.
Contudo, já que o mundo tem mais de 7000 idiomas, não dá para aprendermos um novo idioma cada vez que nos conectamos com uma pessoa nova, né? Embora 90% da população do mundo fale um dos 10 idiomas mais comuns, o desafio continua. Se eu mal domino um ou dois idiomas, como é que vou dominar 10 idiomas?
O que fazer, então?
Mas como resolver? Não poderíamos ter um idioma comum, ou concordar em todos aprendermos um deles? E qual idioma seria? Bem, a língua nativa mais falada no mundo é o Mandarim da China. Porém, em muitos países, além do idioma principal também se fala outros secundários. Acontece que quando somamos a língua nativa e uma segunda língua, a mais falada no mundo é o Inglês.
Por essa razão, entre outras, o Inglês acabou virando uma língua franca. Isso é, virou um idioma que serve de ponte entre grupos de pessoas que falam outras línguas nativamente.
Por exemplo, se um brasileiro que não fala Alemão encontra um alemão que não fala Português, eles ainda podem se comunicar, se os dois falarem Inglês. Nesse caso, o Inglês serve como uma ponte – uma língua franca.
Portanto, ao longo do tempo o uso do Inglês na Internet foi crescendo e se espalhando organicamente, porque seu uso como ponte facilita as comunicações entre pessoas e empresas de idiomas diferentes.
Preciso saber falar Inglês fluentemente na informática?
Com esse enredo do Inglês como língua franca, daria para imaginar que todos precisamos aprender a falar Inglês tão bem quanto o Português.
Felizmente, como dissemos lá em cima, “saber Inglês” não é uma coisa monolítica. Não é um sim ou não, um 0 ou 100, um sei ou não sei. Não é assim.
Dependendo da área de expertise, dos tipos de projetos, de onde você trabalha, com quem interage, e seu nível de responsabilidade, a necessidade do Inglês pode variar muito. Enquanto um profissional precisa ter grande conhecimento e facilidade de se expressar em Inglês, outro pode se virar com um conhecimento do Inglês bem mais pontual e superficial.
Mas, todos na informática dominam o Inglês, né?
Não pense que todos que estão bem instalados numa carreira digital no Brasil dominam o Inglês. Sem dúvida, muitos dominam sim. Mas, muitos não.
Tenho amigos e conhecidos brasileiros que trabalham em áreas técnicas e falam Inglês fluentemente. Alguns fizeram estágio no exterior, outros moraram em vários países, e outros moram no Brasil e viajam a trabalho ao exterior frequentemente. A facilidade deles com Inglês é de enorme serventia e os valoriza muito.
Por outro lado, tenho amigos e conhecidos em áreas técnicas cuja facilidade com Inglês é bem mais limitada. Estes profissionais talvez tenham menos possibilidade de trabalho no exterior ou com estrangeiros usando Inglês. Porém, dentro do contexto de suas áreas técnicas no Brasil, o Inglês que sabem é o suficiente para lidarem com qualquer desafio. Esses profissionais são feras nas suas respectivas áreas técnicas, e aprenderam a lidar com Inglês o suficiente para cumprirem as exigências do seu trabalho.
A chave para os profissionais é entender as exigências e possibilidades de sua situação, estabelecer suas próprias metas, e priorizar o aprendizado do Inglês para alcançá-las.
Para podermos priorizar o aprendizado, vamos explorar o que quer dizer “saber Inglês” na informática.
O Que Significa Saber Inglês
As Quatro Habilidades Básicas do Inglês
Em geral, saber Inglês (ou saber outro idioma) quer dizer ter quatro habilidades. É preciso saber receber Inglês (ouvir e ler), e também saber produzir Inglês (falar e escrever). Quando dizemos que alguém “sabe” Inglês, é porque essa pessoa adquiriu essas quatro habilidades em algum momento:
Outras habilidades mais complexas usam combinações dessas quatro habilidades e possivelmente outras. Por exemplo, para pesquisar em Inglês online, talvez você primeiro leia algo em Inglês, aí escreva alguns termos de pesquisa, leia os resultados, e escreva algumas anotações em Inglês. Ou para conversar com um colega Americano, talvez você leia um email em Inglês, faça uma ligação em vídeo na qual você ouve e fala em Inglês, e ao terminar digita e envia um email em Inglês com um resumo da conversa.
Existem Vários Contextos de Aprendizagem e Uso
Mas existem vários contextos nas quais uma pessoa pode adquirir e usar essas habilidades em Inglês. A seguir vemos três exemplos de contextos diferentes de aprendizado e uso do Inglês geral. Estou chamando de “geral” aquele Inglês que é conhecido pela maioria da população, e é usado em casa, na escola, ou no mercado, por exemplo.
Se Inglês for o primeiro idioma de uma pessoa, e ela cresce falando Inglês, dizemos que essa pessoa é uma falante nativa, e que Inglês é sua língua materna. Por outro lado, se um brasileiro cresce falando Português, depois vai morar em um país que fala Inglês, e lá aprende e usa Inglês, dizemos que esse Inglês adquirido é uma segunda língua. Mas, se o brasileiro fica no Brasil e estuda Inglês no Brasil, aprendendo na escola ou em um dos excelentes cursos disponíveis, dizemos que ele sabe Inglês como língua estrangeira.
Leia mais sobre esses contextos de aprendizagem aqui.
Em todos esses contextos o Inglês é o mesmo?
Em todos os três contextos gerais acima, a pessoa vai adquirir as quatro habilidades, de ouvir, ler, falar, e escrever em Inglês, mas provavelmente com algumas diferenças. O contexto pode influenciar muito o tipo de aprendizado, o grau de facilidade com o idioma, a amplitude e profundidade de vocabulário e conhecimento, além da pronúncia. Ademais, a idade em que se aprende e usa o idioma pode afetar o conhecimento. Quem aprende e usa o Inglês só como criança, não vai aprender nessa idade o vocabulário necessário para lidar com a vida profissional de um adulto.
Além do mais, aprender Inglês em um contexto, e depois usar Inglês em outro contexto pode exigir um período de ajustes e até nova aprendizagem. Por exemplo, se você aprender Inglês como língua estrangeira na escola no Brasil, e aí se mudar para os EUA, provavelmente terá que adaptar seu Inglês conforme as realidades de sua nova situação.
Sendo assim, então, vamos focar a seguir no significado de “saber Inglês”, e seu aprendizado e uso, dentro do contexto da informática no Brasil.
Saber Inglês na Informática no Brasil
Inglês aparece tanto na informática no Brasil, que o trabalho em si… os projetos, as reuniões, os relatórios, as conversas entre profissionais… vão necessariamente incluir termos vindos do Inglês.
Mas preste muita atenção ao seguinte, pois isso é fundamental.
Saber Inglês em um contexto geral, e saber o Inglês no contexto da informática no Brasil não são bem a mesma coisa. Em outras palavras, aprender e usar o Inglês usado em geral nos Estados Unidos é bem diferente de dominar o Inglês da informática no Brasil.
Portanto, na verdade, o modelo que apresentei no gráfico acima deve ser emendado para incluir o aprendizado desse linguajar profissional com seu Inglês técnico, dinâmico, e aportuguesado. Como o novo modelo sugere, para trabalhar na informática no Brasil, todos que aprendem o Inglês propriamente dito, seja como língua materna, segunda língua, ou língua estrangeira, também precisam aprender o Inglês usado dentro da informática no Brasil.
Abaixo destalho essas três formas em que o Inglês da informática é bem diferente: primeiro, é técnico, segundo, é dinâmico, e terceiro, é adaptado ao Brasil.
É um Inglês Técnico
Em primeiro lugar, o vocabulário do Inglês da informática é um Inglês altamente técnico e específico. Não é um vocabulário que o falante normal de Inglês use no dia a dia, seja nos EUA, no Canadá, no Reino Unido, na Austrália, Nova Zelândia, ou em outro país que fale Inglês nativamente. Então, não é um Inglês comum ou geral, da mesma forma que muitos termos do linguajar médico em Português não são de conhecimento da população em geral. Por consequência, você pode estudar anos e anos em um curso geral de Inglês, com professores muito bem capacitados, e nunca aprender o vocabulário que irá encontrar logo de cara na informática.
Por exemplo, dentro da informática, a expressão “full stack” é uma maneira de se referir ao sistema web todo, incluindo o “frontend” e o “backend“. Já para um Americano que fala Inglês geral, mas não tem conhecimento de informática, o significado mais comum de “full stack” provavelmente seria uma pilha inteira de panquecas. É uma expressão usada tradicionalmente em restaurantes para pedir uma porção grande de “pancakes”, ao invés de meia porção… o “half stack” ou “short stack”. Portanto, mesmo se você aprendesse esse termo na aula geral de Inglês (que em si é bem improvável), não seria dentro do contexto técnico que é comum hoje na informática.
É um Inglês Dinâmico
Usar um Inglês técnico não é o caso só com informática, mas com qualquer área técnica. O vocabulário é tão vasto e específico que pessoas fora da profissão tem pouco conhecimento. Por consequência, não existe só um Inglês técnico. O termo “Inglês técnico” é genérico, e simplesmente diferencia o Inglês usado dentro de certa profissão do Inglês comum usado normalmente no dia a dia. Por isso geralmente se vê Inglês técnico direcionado para uma área específica (informática, engenharia, aviação, comércio, logística, radiologia, etc).
Porém, além de ser técnico, o Inglês da informática é mais dinâmico do que o Inglês generalizado. Isto é, este Inglês está atrelado a uma tecnologia que não para de avançar e mudar. Portanto, cresce e se transforma em ritmo acelerado. E como o Inglês é usado como língua franca, mesmo que os avanços não aconteçam em um país que fale Inglês, geralmente serão publicados em Inglês antes de Português. Isso significa que o profissional que quer trabalhar com as tecnologias mais novas precisa estar sempre atento às mudanças no Inglês da informática.
Explore também termos da informática em Inglês e Português nos Glossários com Áudio.
É um Inglês Adaptado ao Brasil
Finalmente, além de técnico e dinâmico, o Inglês da Informática no Brasil é geralmente adaptado ao contexto de profissionais que falam Português. Sim, contém muitas expressões oriundas do Inglês, mas é usado no Brasil. E palavras vindas do exterior quase sempre são adaptadas ao serem integradas a um novo idioma. Por consequência, o Inglês da informática usado entre profissionais brasileiros no Brasil geralmente não soa muito como Inglês, e não se comporta muito como Inglês. Soa mais como Português, e se comporta mais como Português.
Isso não deve nos surpreender. Como eu escrevo no meu post, Inglês no Linguajar da Informática no Brasil, “Podemos dizer que o Inglês aportuguesado da informática no Brasil e o Inglês propriamente dito estão intimamente relacionados, mas podem ser bem diferentes.”
Quando dois profissionais brasileiros da informática conversam entre si em Português, e aí usam palavras emprestadas do Inglês, essas palavras geralmente já foram adaptadas do Inglês ao Português. Tanto é, que quem fala Inglês nativamente (e que não está acostumado a ouvir Português), possivelmente nem reconheceria as palavras em Inglês que os profissionais brasileiros estão usando.
Vamos ver um exemplo
Por exemplo, se um programador está caçando a origem de uma falha (um “bug”) no seu código, em Inglês diríamos que está “debugging”. Já no Brasil, se queremos usar este mesmo termo, adaptamos para “debugando”. Essa adaptação e conjugação do verbo estrangeiro à moda da casa é muito natural, e acontece quase sempre que palavras migram de um idioma para outro.
As duas maneiras de usar o Inglês estão corretas, mas em contextos e situações bem diferentes. O importante para quem está aprendendo ou quer aprender Inglês para a informática é discernir quando o Inglês sendo ensinado ou usado é o Inglês mais aportuguesado, voltado para interações entre Brasileiros, ou o Inglês mais nativo, voltado para interações com estrangeiros.
Levando em Conta o Inglês da Informática
Então, como disse antes, “saber Inglês” não é bem a mesma coisa que saber o Inglês técnico da informática. Mas o que isso tem a ver com a priorização do aprendizado do Inglês?
É o seguinte. Para trabalhar na informática, seja qual for seu nível de aprendizado do Inglês geral, e quando e onde você aprendeu, você ainda vai precisar aprender um extenso e dinâmico vocabulário técnico em Inglês, e se acostumar a usar esse Inglês como se usa na profissão no Brasil.
Então, parte de sua estratégia será achar um bom equilíbrio entre o estudo do Inglês geral, e do Inglês específico de sua área da informática.
Contextos de Uso do Inglês Dentro da Informática
Em nossa conversa sobre o Inglês que é preciso saber na informática, já entendemos o papel do Inglês como língua franca. Também vimos vários contextos de aprendizagem do Inglês geral, como língua materna, segunda língua, e língua estrangeira. Entendemos que além desse Inglês geral, precisamos também investir no aprendizado do Inglês da informática no Brasil, pois tem um vocabulário extremamente técnico, dinâmico, e muitas vezes já vem adaptado ao Português.
Agora vamos explorar alguns dos principais contextos de uso do Inglês que encontramos no mundo da informática no Brasil. Em cada contexto queremos entender quem são os atores, quais habilidades são mais usadas, e qual é a relação entre o Inglês e o Português nesse contexto.
Aqui eu destaco quatro contextos de uso: Inglês na tecnologia, Inglês entre profissionais brasileiros, Inglês com profissionais estrangeiros, e Inglês para exames e certificações.
Entender esses contextos de uso nos ajudará a formular possíveis estratégias para lidar com Inglês.
Contexto 1: Inglês na Tecnologia
Este contexto foca nas suas interações individuais e diretas com Inglês na tecnologia.
- Uso de Sites, Programas e Aplicativos – Muitas ferramentas começam suas vidas em Inglês, e só depois aparecem em Português. Aqui encontramos os estrangeirismos que já se embutiram no cotidiano: login, print, download, etc. O vocabulário é limitado e quase padronizado. Você lê Inglês, mas produz pouco Inglês.
- Leitura de Manuais – Em alguns casos, a documentação técnica existe só em Inglês. Mas, você provavelmente já sabe usar os tradutores online, como Google, ou DeepL. E se não encontra o manual em Português, geralmente existe algum vídeo bem explicadinho no YouTube.
- Programação – Porém, se pretende programar, entenda que quase todas as linguagens de programação são baseadas no Inglês: C, C++, C#, CSS, HTML, Java, JavaScript, Perl, PHP, Python, Rust, SQL, e VBA, entre outras. Mas você aprenderá o Inglês que precisa enquanto estuda a linguagem de programação. Não precisa saber falar Inglês para aprender Java, por exemplo. Precisa aprender os conceitos, palavras chaves, e o uso da linguagem, muito bem explicados em livros ou vídeos em Português por excelentes autores e profissionais brasileiros.
- Web Design – Para trabalhar com sites na web, também mexerá com ferramentas como WordPress, Wix, WebFlow, SquareSpace, Weebly, Adobe Photoshop, Dreamweaver, e outros. Alguns têm boas traduções em Português. Mesmo assim, precisará ler e escrever algumas coisas em Inglês. Porém, com os livros, vídeos, tutoriais, dicionários, e comunidades de apoio online em Português, o Inglês não é o gargalo, e sim as complexidades de cada tecnologia.
Contexto 2: Inglês Entre Profissionais Brasileiros
No contexto de uso acima, o seu foco principal é o conteúdo técnico, os conceitos, as técnicas, as ferramentas, e os processos. O aprendizado de Inglês estará sempre presente, mas não deve ser o foco.
Contudo, este segundo contexto de uso destaca as interações entre profissionais brasileiros. Aqui é pressuposto o conhecimento individual do Inglês suficiente para se virar na leitura, pesquisa, e uso de ferramentas. Mas para trabalhar com outros brasileiros você precisa conhecer o jeito que os profissionais brasileiros usam Inglês na informática dentro do Brasil. Precisa conhecer o linguajar, que inclui aquele Inglês adaptado ao Português, mas com a pronúncia aceita na sua empresa e por seus pares. Essa área foca nos e-mails, chats, relatórios, conversas, apresentações, áudios, vídeos, e entrevistas envolvendo brasileiros no Brasil.
Como notamos antes, além desse jeito de usar o Inglês adaptado ao Brasil, muitos dos profissionais brasileiros também sabem muito bem usar o Inglês mais nativo. Porém, nestas interações entre brasileiros, o contexto geral do trabalho é o Português. Você pode até optar por se expressar em Inglês em devida situação. Contudo, você sempre tem a opção de voltar para o Português, porque todos ali entendem. Pode até parecer que está falando Inglês o dia todo, por que existem tantos estrangeirismos e neologismos embutidos no linguajar profissional. Mas neste contexto, estas palavras e expressões importadas estão flutuando em um mar de Português.
Contexto 3: Inglês com Profissionais Estrangeiros
Já nesse terceiro contexto, o cenário é diferente. Aqui estamos falando de situações onde Inglês é usado nativamente ou como língua franca. Para trabalhar com estrangeiros na informática que não falam Português, você precisa saber o Inglês mesmo. Isso inclui o Inglês geral, que lhe permite interagir e conversar livremente em Inglês em uma variedade de situações. Mas também inclui o Inglês profissional, além do Inglês usado especificamente em sua área técnica. Dependendo da empresa e do emprego, qualquer candidato terá que passar em um exame de Inglês, além de entrevistas. Isso pode ser exigência, mesmo se uma interface direta com estrangeiros nunca se materializar.
Essa área foca no Inglês usado entre você e não-brasileiros na informática. Aqui, dominar o Inglês é essencial. Usar o linguajar profissional brasileiro da informática nessa situação geralmente não é suficiente. O ouvido estrangeiro não está acostumado às pronúncias dos estrangeirismos no Português, e provavelmente não entenderá. O jeito de conjugar os verbos do Inglês que migraram para o Português também não será compreendido. Por exemplo, “hackear”, “printar”, “fazer login” podem parecer Inglês, mas não são, e não serão entendidos, especialmente na fala.
Contexto 4: Inglês para Exames e Certificações
Neste último contexto, o Inglês é usado para passar o exame de entrada para algum emprego, ou faculdade, ou para alcançar alguma certificação profissional. Aqui é essencial que você pesquise todas as informações disponíveis sobre o exame com muita antecipação, e faça uma preparação muito focada para cada exame. Existem muitos cursos preparatórios voltados para cada exame.
Exame de Inglês
O TOEFL (Test of English as a Foreign Language / Teste de Inglês como Língua Estrangeira) é um exame para medir as habilidades de Inglês de estrangeiros que pretendem cursar faculdade nos EUA. É exigido pela maioria das faculdades nos EUA.
Exames de Várias Matérias em Inglês
Nos seguintes, o Inglês é simplesmente o idioma usado no exame; seu foco não é o Inglês, mas sim a matéria do exame.
ACT (American College Testing / Teste para Faculdades Americanas) e o SAT (Scholastic Aptitude Test / Teste de Aptidão Acadêmica). Essas são as principais provas usadas nos Estados Unidos no processo de admissão universitária no nível de graduação. Estes exames servem em função semelhante ao ENEM no Brasil.
GRE (Graduate Record Exam / Exame para Pós-Graduação). O GRE é um conjunto de exames usados para medir o preparo acadêmico para admissão em cursos de pós-graduação em muitas universidades nos EUA. Existe o exame geral, que é o mais comum, e também exames para várias disciplinas específicas, como Matemática, Física, Química e Psicologia. O que é exigido depende de cada universidade.
Certificações Profissionais – Existem inúmeras certificações profissionais em diversas áreas da informática. Por exemplo, existem certificações em segurança cibernética, networking, programação, e muitas certificações em tecnologias de empresas específicas, como da CISCO, Microsoft, Dell, VMWare, e outras. Em muitas dessas certificações o material de aprendizado e o próprio exame existem apenas em Inglês.
Resumindo, então…
Como vimos, então, é muito útil saber Inglês quando se trabalha na informática. Mas quanto Inglês você precisa aprender, e com qual foco, vai depender de seus objetivos.
Sem dúvida, você precisará aprender um certo grau de Inglês generalizado. E, dependendo da sua situação, das exigências de seu trabalho, e de seus objetivos, precisará ter uma facilidade maior ou menor com esse Inglês.
De qualquer forma, esse aprendizado generalizado do Inglês precisará ser complementado pelo aprendizado do Inglês voltado a suas áreas técnicas específicas.
Para interagir com a tecnologia já estabelecida, precisará saber ler e entender o básico de Inglês. Todavia, o foco deve ser a tecnologia em si, e você poderá aproveitar uma grande quantidade de recursos disponíveis já em Português. Porém, se for tecnologia de ponta, talvez encontre menos recursos em Português.
Para interagir com seus colegas, chefes, e clientes brasileiros, precisará saber usar o Inglês da informática dentro do contexto do Português.
Para interagir sobre assuntos técnicos em Inglês com estrangeiros que não conhecem Português, você realmente precisará dominar o Inglês.
E sempre precisará ficar atento às diferenças entre o Inglês usado entre profissionais brasileiros e o Inglês usado com estrangeiros, e ficar esperto para saber quando usar cada um.
Certamente, o esforço necessário para dominar o Inglês na informática vale muito a pena. E com a informação que vimos você vai conseguir priorizar seus estudos de Inglês, e se valorizar ainda mais como profissional de sua área.